Das duas principais coleções de manuscritos e documentos, a Coleção Canuto Abreu e a Coleção AKOL, a única que foi alvo de prévio trabalho editorial foi a que pertencia a Canuto Abreu. Este, durante anos, anotou, transcreveu e traduziu uma quantidade razoável de manuscritos, apesar de nunca os ter publicado na íntegra. Vários desses manuscritos, dessas transcrições e traduções chegaram-nos em condições precárias de conservação e sem nenhuma organização. Assim, uma primeira abordagem, ainda em curso, objetivou higienizá-los e organizá-los, estabelecer certa indexação categorial e cronológica. Concomitantemente, esses textos também passam por um necessário processo de revisão, sobretudo para corrigir, completar e atualizar as transcrições e traduções. O restante dos manuscritos da Coleção Canuto Abreu e a quase totalidade dos da Coleção AKOL ainda devem ser todos organizados, transcritos e traduzidos. Todavia todos deverão estar sob as mesmas regras editoriais.
O principal critério que adotamos nesta edição é o da maior fidelidade possível às idiossincrasias do texto original, sem descuidar, porém, de estabelecer um equilíbrio entre essa fidelidade e a fluidez da leitura do texto editado.
Em parte, devido ao estilo caligráfico próprio do século XIX, em parte, por não se constituir sobremaneira de versões definitivas, ou mesmo originalmente destinadas à publicação, mas de rascunhos e psicografias, é compreensível que vários desses manuscritos apresentem lacunas, repetições e hesitações gramaticais, tornando-se assim de difícil leitura direta. Desse modo, propusemos a realização de dois tipos de transcrições: uma, simplificada, de todos os manuscritos, a ser disponibilizada numa primeira etapa (em formato html e pdf); a outra, diplomática, de determinados manuscritos, a ser disponibilizada numa segunda etapa, e que contenha obviamente a representação de palavras e passagens rasuradas e outros elementos gráficos.
Atentamos que as transcrições, simplificadas e diplomáticas, e traduções aqui a serem divulgadas não são necessariamente versões definitivas. Oportunamente, muitas delas serão atualizadas (como é possível verificar pelas datas de postagem). O intento é sempre corrigi-las e aprimorá-las, por exemplo, quando ocorrer a descoberta da leitura correta de uma palavra ou passagem antes ilegível ou incerta. Aparato crítico mínimo sobre o conteúdo desses textos também será posteriormente acrescentado.
Listamos a seguir as principais notações utilizadas nas transcrições e traduções:
– Datas e outras informações conjecturadas são representadas entre colchetes: [1857].
– Palavra e passagem com caligrafia distinta da principal são representadas entre colchetes invertidos: ]vocabulaire[ = ]vocabulário[; e, para cada nova caligrafia, acrescentamos mais um colchete invertido: ]]vocabulaire[[ = ]]vocabulário[[.
– Palavra e passagem sublinhada no manuscrito são representadas com sublinhado ou com itálico.
– Palavra e passagem illisible ou ilegível são representadas entre colchetes: [illis.] = [ileg.].
– Palavra e passagem de leitura incerta são representadas entre chevrons: <vocabulaire> = <vocabulário>.
– Palavra e passagem ausentes são representadas entre colchetes: […].
– Palavra e passagem não localizadas no corpo central do manuscrito são representadas entre chaves na transcrição: vocabulaire {vocabulaire}.
Este trabalho não tem fins lucrativos; seu desenvolvimento seguirá o ritmo das pesquisas, das transcrições e traduções, realizadas, em sua maioria, por voluntários. A eles, nossos sinceros agradecimentos, assim como ao Centro de Documentação e Obras Raras (CDOR), que mantém, sobretudo através do diligente trabalho de Eliana Almeida e de Flávio de Carvalho, a integridade do acervo de Canuto Abreu; ao Museu Virtual AllanKardec.online (AKOL), que vigorosamente conseguiu resgatar outra parte dos manuscritos e documentos de Kardec; à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que generosamente aceitou desenvolver este portal; a todos que, com sugestões e críticas, também vêm contribuindo com este trabalho.